A Sinfonia Noturna
Desde menino tenho fascínio por música e tocar piano é hoje o meu ofício. Poucos sabem, mas cada um deles possui uma personalidade. Mais do que isso, possui uma alma. Sei disso porque já pude sentí-la uma vez, em viagem que fiz para participar de um concerto.
Era noite e eu estava hospedado em um antigo sobrado, não muito longe da cidade. O tradicional coquetel pós apresentação me pareceu entediante e retornei mais cedo que meus colegas. No salão principal, apenas eu, retratos de desconhecidos e um grande piano de cauda, posicionado de frente para o jardim. Sem vontade de dormir, decidi tocá-lo um pouco.
Não saberia dizer que horas eram ou qual peça de Choppin eu dedilhava naquele momento quando senti aquela mão suave se sobrepor à minha. Ao meu lado estava uma linda mulher, de longos cabelos negros que sussurava ao meu ouvido:
- Continua tocando - dizia enquanto acariciava meu peitoral com uma das mãos e me guiava pelas notas com a outra.
Ela se encostou ao lado do piano e pude vê-la por completo. Seus seios volumosos, indisfarçáveis sob a blusa de lã que se estendia até a altura das coxas. Suas longas pernas estavam a mostra e percebi que mais nada vestia quando deslizou suas mãos para a virilha e revelou sua vagina. Eu quis me levantar e agarrá-la naquele momento, mas ela sinalizava para que eu continuasse a tocar. Cada nota, cada acorde, parecia ressoar por todo seu corpo, contribuindo para seu êxtase. Eu observava o efeito de cada mudança de tom, de cada sequência longa ou curta e repetia os compassos mais vigorosos.
Do smoking que eu vestira mais cedo, me restava apenas a calça, que ficava cada vez mais desconfortável para meu membro enrijecido e marcado sob o tecido. Foi então que ela se aproximou e se abaixou, abrindo minha calça e revelando meu pênis ereto como uma clave aguardando a sinfonia. Eu esperei pelo toque de sua boca, imaginando o prazer que me retribuiria, mas a intenção dela era outra. Ela entrou por baixo dos meus braços, se ajeitando sobre o meu colo, me fazendo contornar seus outros lábios antes de me levar ao encaixe pleno. De lá, seguia repetindo:
- Continua tocando - repete enquanto se agarra a mimha nuca.
É ela a regente. Ela controla cada movimento, a velocidade e a intensidade com que a penetro. Eu apenas executo sua composição. Eu a beijo com voracidade, implorando para que não encerre antes do clímax. Nossos corpos parecem alcançar a mesma frequência. Nossa respiração e batimentos seguem o ritmo da música e aumentam. Allegro, vivace, presto. Ela geme sobre mim, mas eu quero alcançar suas notas mais agudas. Meus músculos já não conseguem continuar tocando. Então finalmente gozo. E gozo. Gozo dentro dela enquanto a envolvo em meus braços e ouço sua respiração. Nossos olhos estão fechados. Nossos corpos colados vibram junto com o reverberar do último acorde.
Ao final, quando abro os olhos, não há mais ninguém ali. Apenas meu corpo cansado e a porra espalhada pelo piso. Em um dos retratos reconheço seu rosto: era ela, a antiga moradora da casa, uma talentosa pianista.
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