Réveillon Úmido
Era 31 de Dezembro de 1999, tinha eu 21 anos e já estava dormindo. Ouço minha vó batendo à porta e me dizendo que Letícia (neta da vizinha, quatro anos mais nova do que eu) me chamava ao portão. Era para dar um beijo de feliz ano novo, essas coisas.
Saí ao portão e caminhei com ela, afastando-nos das janelas de casa. Ela me disse:
- Vim lhe dar um beijo de ano novo.
Há coisa de um ano que víamos uma vez a cada mês ou dois, sempre chegando perto sem nada acontecer. Uma coxa tocando a outra ao sentarmo-nos no sofá, um olhar no bumbum e só.
Sua estatura combina com a minha (qual casal em brasa não combina?). Ela 1,60m, seios médios e um belo bumbum, isento daquela gordura que parece dar sensualidade a mulheres falsamente apetitosas. Eu, dez centímetros a mais, magro, olhos claros e uma atenção que a cativava.
Ficamos sob uma árvore. Dois postes com lâmpadas quebradas davam um tom magnífico à cena. Olhava-a tão próximo quanto jamais estivemos. Todo início ressalta aquele prazer que só o frio na barriga consegue supor. Segurei-lhe a cintura com a força dos apaixonados, trouxe-a para mais perto, algo macio, bem macio, se encaixava em meu peito. O mesmo não posso dizer daquilo que a tocava o ventre. Estava ela de mini-saia (percebi ao deixar minhas mãos caírem após acariciar-lhe as costas). Não entendo como não havia percebido antes.
Veio o beijo. Primeiro em sua testa. Minha mão já lhe tocava o bumbum por cima da calcinha. Toquei-lhe o rosto com minhas duas mãos, encarando-a como se encara um ser misterioso e sedutor. E o ser misterioso e sedutor deixou-se seduzir.
Um piscar antes de minha mão voltar a lhe tocar a bela-bunda (bb, de agora em diante), senti um rebolado medindo minha excitação. Meu calção (santo calção) era macio e largo. Ela me libertou a dilatação. Tinha-me nas mãos, ou melhor, na mão. Em sua mão direita transformei-me em presa. Minha memória nos levou ao parquinho perto de casa, sua mão me levou à gangorra. Quando, na última semana de setembro, lá estivemos, não saberia --começo a suar frio. Minha mão caminha por dentro da calcinha tentando chegar em sua -- começa a chover e forte. Molhamo-nos todos. Minha mão estaciona em seus pêlos. Densos e aparados.
Devemos nos secar. Ela me diz com os olhos ao mesmo tempo que me diz para ficar mais um pouco. Aproximamo-nos os lábios, sua avó a chama: Letícia. Letícia, delícia, um gemido sussurado, eu a chamo ao ouvido. Ela me dá um beijo no rosto e seca sua mão em meu peito. Vejo-a entrando com um sorriso de réveillon, um sorriso acordado de quem acabou de mostar sua foça.
Tenho de me secar. Olho as primeiras estrelas do ano. Não se se penso na bb, na umidade da noite. Tenho a deliciosa e contraditória sensação de quem está e não está satisfeito ao mesmo tempo. Um desejo ainda não satisfeito. A sensação de um ganhar "em se perder". Ora, mas isso é Camões. É o que me resta essa noite.
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