Enzo4
IV
Chegou à empresa e vendo que ele ainda não havia chegado, aproveitou para adiantar seu trabalho. Estava tão distraída que não percebeu Diana se aproximar.
__ Olá Susan ! cumprimentou
__ Olá Diana, tudo bem ?
__ Eu que pergunto, tudo bem ?
__ Claro, porque não estaria ? perguntou apreensiva.
__ Não sei, estou achando você tão abatida ! Além disso parece nervosa. Nunca mais conversamos, está com algum problema ? Sabe que pode contar comigo ! ofereceu solidária.
__ Obrigada por mostrar-se tão preocupada, mas é apenas trabalho demais. Ando dormindo mal e quando chego aqui simplesmente não consigo dar conta de tudo ! riu nervosa, esperando que a amiga acreditasse.
__ Bem, entendo o que diz, mas não reclame muito alto, pois sendo secretária do solteiro mais cobiçado da cidade, sei que há uma fila de garotas loucas para pegar seu lugar. disse rindo também.
__ Acho que tem razão. De qualquer forma agradeço por preocupar-se comigo.
__ Ia me esquecendo, enquanto estava em outra linha o Sr. Moretti ligou avisando que não virá hoje. foi dizendo enquanto saía.
__ É mesmo ? Obrigada, Diana. respondeu sem acreditar. Afinal, da forma como ele saíra de sua casa na véspera ela imaginava que teria uma manhã bem difícil. Mas tinha que admitir que a vida dele não girava em torno dela , e sim o oposto.
Agora que cabia à ela dar o próximo passo, simplesmente não sabia o que fazer. Esperou até o fim do dia, que ele voltasse ou ligasse, para que ela pudesse pedir o dinheiro. Como isso não aconteceu, ela apenas tirou o dinheiro do caixa, como havia feito na vez anterior e após depositá-lo na conta do irmão foi para casa.
Estava apavorada, mas uma sensação de inevitabilidade impedia que ela ficasse imaginando o que ele faria à seguir. Ficou ao lado do telefone esperando que ele ligasse ou fosse até lá. Como nada aconteceu ela foi deitar-se.
Não soube o que a despertou, mas podia sentir claramente que havia alguém em seu quarto. Sentando-se na cama pode distinguir-lha a silhueta contra a luz fraca que vinha da janela.
__ Acha que pode brincar comigo ? perguntou tão baixo que ela mal pôde ouvi-lo.
__ Por favor, deixe-me explicar... pediu tentando não irritá-lo ainda mais, levantando-se lentamente.
__ Não há mais tempo para explicações. disse ascendendo a luz e percebendo que ela estava de camisola , abriu o guarda-roupas e retirou um sobretudo jogando-o para ela.
__ Vista isso!
O telefone começou a tocar, mas ele fez sinal para que ela não atendesse, deixando que a secretária fosse acionada.
__ Susan, não sei onde pode estar à essa hora, mas já vi que depositou o dinheiro, sabia que conseguiria! Te amo ! Ligo assim que puder.
__ Venha, vamos dar uma voltinha. ele parecia conter-se para não agredi-la.
Aquela ligação havia sido um atestado de culpa. Percebendo que qualquer atitude que o contrariasse desencadearia toda a violência que ele tentava conter, ela fez o que ele mandava e seguiu-o até o carro.
Depois de rodarem por uns quinze minutos, chegaram ao prédio onde ele morava. Não que ela já tivesse ido até lá, mas conhecia o endereço de cor.
Subiram em silêncio, o que a deixava ainda mais amedrontada. Ele abriu a porta e ascendeu as luzes. Era um apartamento imenso, na cobertura. A sala em que estavam era maravilhosa, decorada em preto e branco, e parecia ter saído das páginas de uma revista.
__ Dispensei os empregados, e as paredes são à prova de som - disse apenas para informá-la de que não tinha com escapar.
__ Vou faze-la pagar, não pelo dinheiro, sabe que vinte mil dólares não são nada para mim. Vai pagar pelas vezes em que a convidei para sair e depois de recusar foi encontrar-se com ele para rirem do que iriam fazer. Vai pagar por preferir sujeitar-se à mim , para deixar o covarde em segurança. Mas sobretudo, por fazer-me odiá-la quando poderia ter tido meu amor.
Susan sentia as lágrimas caírem por seu rosto, mas sabia que as oportunidades de dizer-lhe que tudo aquilo não passava de uma mentira, já haviam passado. Ele tinha razão, chegara a hora de pagar. Desabotoando o casaco e deixando que ele escorregasse para o chão ela deu alguns passos em sua direção e ajoelhando-se, baixou a cabeça em sinal de entrega e rendição.
__ Puna-me! pediu, como se realmente merecesse.
Enzo, ao contrário do que ela esperava, afastou-se, dando-lhe as costas, deixando-a ali, prostrada, como um réu à espera de sua sentença. Tirou o casaco e o pendurou, calmamente ao lado da porta. Voltou-se e olhou-a enojado.
__ Simples, não ? Eu a machuco mais um pouco, até passar minha raiva. Penso que aprendeu a lição . À seguir você some. E então, basta achar outra empresa, voltar a fazer o papel de mocinha comportada e aplicar o golpe em outro otário. enquanto falava tirou algo do bolso, mas ela não pode ver o que era.
__ Golpe ? Não, eu não planejei nada, juro! disse desesperada, sabendo que havia evidências demais contra ela.
__ Pois eu não serei como os outros idiotas que enganou! Desde o início você soube que desta vez seria diferente, só não sabia com quem estava lidando. a idéia de que ele era apenas mais um na lista de uma golpista o deixava fora de si.
__ Enzo, sei que está irritado, mas... começou à dizer.
__ Irritado! Benzinho, você não viu nada ! aproximou-se e sem esforço a fez erguer-se. Segurou seus braços, e ela pôde ver que eram algemas o que ele tirara do bolso. __ Junte as mãos! ordenou.
Susan obedeceu, sabendo que à partir daquele momento estaria inteiramente à sua mercê.
Após algemá-la, ele guardou a chave em seu bolso e a arrastou até uma porta no final do corredor. Era uma suíte enorme, praticamente do tamanho de seu apartamento inteiro.
__ Não precisa me prender, farei o um que quiser. disse submissa.
__ Mas não seria tão interessante... - informou irônico. __ Venha cá !
Ela aproximou-se e ele apontou para a parede em frente à grande cama que havia no centro do quarto.
__ Veja o que mandei colocar pra você! falou em tom cruel.
Era um gancho, parecido com o que havia em seu apartamento. Um arrepio de medo percorreu o corpo de Susan, ele poderia fazer o que quisesse, não haveria limites , ninguém viria em seu socorro.
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