Assédio e Violação
Numa sexta-feira de um Verão escaldante, com os termómetros a marcar quase os 45º, chegaram ao aeroporto de Nairobi. - O ar condicionado no interior do avião tinha-os defendido até então da temperatura exterior, a qual, só foi notada, quando ao andarem a caminho da porta para o desembarque, foram fustigados por uma brisa tão quente, que lhes pareceu estarem à boca de um forno; - respirando profundamente para se habituarem àquela nova e escaldante temperatura, desceram as escadas que os levava até á pista andando a pé uns 200 metros até à gare, o que foi suficiente para se sentirem totalmente alagados em suor com a roupa a lhes pregar ao corpo.
Depois de meia hora à espera das malas e das burocracias habituais da alfandega, tomaram um táxi a cair de podre, - um Ford americano dos anos 60, de cor indefinida puxando mais para o amarelo-ferrugem, certamente comprado em 20ª mão em algum ferro-velho e conduzido por um negro novo, meio louco, que fazia da estrada e das ruas da cidade a sua pista de velocidade, indo para o Hotel Regency, onde se realizaria o congresso.
Ao contrário da maioria dos prédios da capital, degradados e sujos, o Regency era um hotel de 5 estrelas, luxuoso e modernissimo, com ar condicionado, e banheiras de hidro-massagem em todos os quartos, mas colocadas estratégicamente quase no exterior das sacadas, proporcionando aos hospedes, uns banhos descontraidos, quer no interior ou exterior, bastando para isso correr uma simples porta.
Os primeiros dois dias, como já era de esperar, foram bastante maçadores para Garcia, com uma série de reuniões sucessivas, à mistura com almoços e jantares protocolares que lhe ocuparam o tempo todo.
Tania, liberta daqueles compromissos, aproveitava as manhãs para nadar e bronzear-se na piscina do hotel, enquanto que as tardes usava para conhecer a cidade e o comércio, especialmente as feiras ao ar livre multi-coloridas nas quais se vendiam de tudo, desde trabalhos artezanais até animais exóticos, à mistura com comidas feitas mesmo ali à beira dos passeios, de higiene mais do que duvidosa, aonde as moscas imperavam a seu bel-prazer, sendo talvez um dos condimentos principais. - Andava de shorts curtissimos e uma T-shirt bastante decotada, côr castanha, com a cabeça protegida por um chapeu de palha de abas largas, no meio de todo um movimento frenetico, com gente de côr se acotovelando, como se fosse um rio tumultuoso.
Havia no ar, um cheiro intenso a fritos e a catinga, devido à transpiração e ao suor daquela multidão, que a empurrava de um lado para o outro como uma canoa em mar agitado.
Enjoada, devido áquela mistura de cheiros, para ela, nauseabundos, afastou-se daquele local, entrando numa zona de ruelas estreitas, cheia de bares duvidosos e de pequeno comércio, onde, nas esquinas, negros e negras se ofereciam descaradamente às pessoas que passavam.
A desidratação que sofria devido ao suor, fazia-a ansiar por beber algo bastante frio que lhe pudesse matar a sede. Ultrapassando o nojo, entrou num bar, que tresandava a uma mistura de cheiros duvidosos, deficientemente iluminado, aonde nas mesas se sentavam pessoas apáticas, certamente " profissionais do desemprego" que falavam murmurantemente entre elas, provocando um ruido parecido ao zumbido de uma colmeia.
Aproximou-se do balcão, pedindo a um empregado esquelético e tão apático como os fregueses, uma agua mineral bem gelada.
A sua presença naquele local era tão notória, como uma arvore solitária no meio da savana. - Como por encanto todo o ruido de conversas cessou, parecendo-lhe que todo o mundo tinha ficado dependente dela. - Incomodada, por estar por assim dizer, a ser o centro do universo, bebeu rápidamente a agua, pagou, encaminhando-se logo para a saida.
Um "Dodge" americano, desconjuntado, e com o nome "taxi" escrito toscamente a letras brancas nas portas, estavá lá parado como se estivesse à sua espera.
-«Taxi?» - perguntou o motorista, - um preto desmazelado com uma T-sirt sem mangas, a qual, algum dia fora branca mas que agora puchaxa muito mais para o castanho e que aparentava ter talvez um 25 anos, exprimindo-se num inglês bastante deficiente.
-« Hotel Regency?» perguntou ela
-« Yes! I know where is it » respondeu ele com um sotaque esquisito e estrambolico ao mesmo tempo.
Tania, à falta de coisa melhor e, porque já estava a anoitecer, tornando-se aquelas vielas extremamente perigosas, muito especialmente para mulheres da sua raça, subiu para o "taxi", que imediatamente arrancou, no meio de uma fumarada e ruidos estranhos do motor, só encobertos pelos guinchos de chapas soltas da carroceria e da suspensão.
Serpenteando pelas vielas, o carro, qual dragão invertido, deixava atrás de si uma sufocante nuvem de fumo negro, encaminhando-se aos solavancos desconjuntados para a zona turistica, enquanto que o "chaufeur", quase gritando, para poder ser ouvido no meio daquela "orquestra" de sons estranhos e incomodativos, tentava meter conversa...
-« A Madame estár só? - se quizer eu levar madame a um lugar onde tem "mens strongs" ... no aids, - fazerem tudo que madame querer...» - vendo através do encebado retrovisor o olhar admirado dela, continuou arengando ainda mais insistentemente: -« Vamos lá?... aqui ninguem conhecer Madame!. - experimente brincar c'os pretos, ... ser muito melhor c'os brancos!!!...»
Mesmo sem obter qualquer resposta, continuava insistindo com voz melifula::
-« Madame "understand" o que eu querer dizer? Pretos ser muito very good! Ter eles bigoanes, more bigoanes cos brancos - understand madame ?»...
Não conseguindo obter qualquer resposta, grunhiu num desabafo em francês, mostrando, para disfarçar, os dentes num sorriso, julgando que o que dizia era completamente incompreensivel para ela: - « Esta Puta está a fazer-se fina, mas se te consigo convencer, úh lá lá, vais ver o que é bom para a tosse! Levas tantas nessa crica, que durante um mês vais andar escanchada! Vais ver, puta de merda o que é fazer bacanal cos pretos! »
Por incrivel que pareça e, por entender aquele arengado embora não o desse a perceber, Tania sentia a porta da luxuria se abrindo, percorrendo-lhe o corpo um arrepio de luxuria, só que o medo da "sida", era superior aquele louco desejo que lhe estava despontando numa labareda violenta.
Ouvindo a voz da razão, optou por cortar aquela hipotese de aventura, ordenando por isso secamente ao chaufeur:-« Hotel Regency ...please!» - pondo com isso, julgava, termo àquele "arengado" de palavras que qual martelo pilão estava começando a escabaçar o seu muro de defesa.
De Olhos semicerrados, e no meio dos solavancos intermináveis do carro, sentia a luxuria quererendo se apossar de si, imaginando-se deitada num altar de pedra, sendo possuida por toda um tribo de negros, que uns a seguir aos outros a iam violando, sentindo os seus enormes pénis penetrando-a à cadência rude dos solavancos do taxi provocando-lhe um gozo demoniaco.
Mesmo sem se aperceber, a sua respiração era rápida, deixando escapar de vez em quando uns entrecortados suspiros, cortados em sobressalto quando sentiu a mão aspera do motorista lhe penetrar pelo meio das pernas a caminho do sexo. Fechando-as num acto instintivo e dando um grito de estupor ordenou rispidamente: - « Páre este taxi nojento imediatamente que eu quero sair! Páre! Ouviu? » - obrigando o negro a retirar apressadamente a manápula balbuciando nervosamente - « Sorry madade, please sorry! eu julgar que madame ir gostar! please não fazer queixas à polícia de mi! nós já estarmos chegando!»
Efectivamente, ali mesmo em frente já se avistava o Hotel, ao qual chegou quase em seguida, parando numa nuvem de fumo e rangido de pneus e travões.
De uma forma que dir-se-ia ter saido de um filme humoristico, o porteiro, homem negro já de meia idade, com a sua casaca verde, debruada a ouro e luvas brancas, parecendo assim ataviado, um general de opereta, abriu muito cerimoniosamente a porta do taxi, como se aquele misero "cangalho" fosse um autêntico "Rolls-Royce", fazendo Tania sorrir, com toda aquela cena protocolar.
Enquanto pagava a "corrida", o motorista, não desistindo da ideia de lhe querer ser útil, fez questão de lhe entregar um amarrotado e encardido cartão, ao mesmo tempo que pedia. -« Madame! se precisar qualquer coisa telefona p'ra este número, please...»
Com um - «Você é completamete doido! » - despediu-se ela, saindo ainda a tremer do carro e atravessando o hall em direcção à recepção, aonde pediu a chave, encaminhando-se de imediato para o seu quarto.
Lá dentro, descalçando os sapatos a pontapé, quase os atirando até ao tecto, tirou a roupa toda suada, jogando-a no chão, ao mesmo tempo que telefonava para o serviço de quartos, pedindo que lhe enviassem uma garrafa de champanhe bem gelada.
Respirando fundo e suspirando de prazer, não só devido a se sentir liberta daqueles trapos que se lhe pregavam ao corpo, como também à temperatura amena que estava agora disfrutando, foi tomar o banho de imersão que à tantas horas ansiava. - Sentada, de olhos semi-cerrados, sentindo a pressão da água rodopiar no seu corpo, pensava com excitação no atrevimento e nas palavras do motorista, deixando a sua imaginação discorrer livremente, intentando vislumbrar até onde poderia ter ido se tivesse dado redeas soltas ao homem.
Com a agua morma a lhe cobrir o peito, tinha entrado numa madorna, num meio termo entre o consciente e inconsciente.
Sentia em sonhos a mão do motorista, a lhe apalpar as pernas, puxando-lhe as calcinhas para o lado e tentando indroduzir-lhe os dedos na viagina humida, enquanto ela, em vez de se defender, abria completamente as pernas, deixando o corpo escorregar contra aquela mão grosseira que a penetrava.
Estava já quase a um quarto de hora metida na agua, retorcendo inconscientemente o corpo cheia de voluptuosidade, quando subitamente despertou com o ruido dum batuque na porta.
Demorou ainda um pouco a se posicionar na realidade, lembrando-se por fim do seu pedido. -« Entre e traga-me a bebida para aqui» - pediu.
Era defacto o criado, que entrou, trazendo o champanhe. - Olhando em redor e notando que a hospede estava na banheira, encaminhou-se de imediato para lá, descansando a bandeja, numa pequena mesa, ao alcance da mão e enchendo delicadamente um copo.
Tania, sorvendo um grande golo daquele liquido dourado , deu um profundo suspiro de satisfação, enquanto passava o copo gelado no peito, disfrutando o prazer do seu contacto...
Não havia qualquer dúvida que o criado, embora bastante jovem, pois a sua idade não ultrapassava os 18 anos, já passara por muitas situações estranhas naquele hotel, pois comportava-se perfeitamente à vontade sem qualquer constrangimento com o facto de ela estar alí completamente nua praticamente à sua frente.
A sua farda imaculadamente branca, constratava com a côr negra da sua pele, parecendo uma estátua, na maneira como estava perfilado diante dela, aguardando ordens.
-« One moment please!» - pediu ela, enquanto se levantava, deixando antever por momentos toda a sua nudez, no lapso de tempo que levou a embrulhar-se numa toalha; - depois dirigindo-se à mesa de cabeceira e retirando de lá umas moedas, gratificou o criado.
-« thank you Madame» - agradeceu o rapaz recuando, preparando-se para sair.
Há pensamentos que nos surgem repentinamente, fazendo-nos actuar de uma forma tão inesperada, que 30 segundos antes, achariamos perfeitamente utopica a sua realização.
Era exactamente por uma dessas ocasiões que Tania estava a passar.
Olhando para o porte garboso e impassível do criado, "maldosamente" resolveu num ápice, tentar seduzir o rapaz, mais pelo gozo de o ver perder aquela correcta compostura, do que propriamente pelo desejo de fazer sexo, pois pese embora a sua personalidade lasciva, nunca tivera qualquer atracção por rapazes imberbes, preferindo antes pelo contrário homens experientes, que soubessem exactamente o que estavam a fazer, dando tempo a que os dois pudessem desfrutar da relação...
O certo, é que mesmo pensando assim, Tania, entregou uma toalha ao criado, pedindo-lhe com um sorriso malicioso, ao mesmo tempo que voltava-se: - « por favor, limpe-me as costas! », deixando, enquanto isso, descair premeditadamente um pouco a toalha em que estava embrulhada, deixando-lhe antever parte das suas nádegas...
Costuma-se dizer que quem brinca com o fogo, queima-se, e Tania agindo daquela forma com um rapaz de 18 anos, - idade em que mesmo sem chama há combustão espontânea - para além de não estar a ponderar também a tremenda atracção que a carne branca representa para a raça negra, estava-se a expor para alem dos limites do razoável...
Sem saber bem como, foi repentina e bruscamente empurrada pelo criado para cima da cama, caindo de costas, e mesmo antes de poder articular qualquer gesto defensivo, estava a ser "montada" por ele, que mesmo sem tirar a roupa, simplesmente abrindo em velocidade supersónica a braguilha, lhe introduziu secamente e duma vez todo o pénis, violando-a com a energia e velocidade de um coelho como se o mundo estivesse a desabar.
Tania, estupefacta, só raciocinou momentos depois, quando sentiu, o bacamarte, a entrar-lhe e a sair-lhe do sexo numa azafama infernal, soltando, como se lhe tivesse tirado uma rolha da boca, um grito furioso de dor e revolta, ao mesmo tempo que agitava os braços e pernas violentamente, escoceando, tentando se livrar daquela humilhante situação,: - « Larga-me selvagem dum caralho! saí já de cima de mim grandessíssima besta! Eu mato-te, eu mato-te seu animal! » - berrava-lhe tentando alcançar-lhe a cara com as unhas em riste, que qual navalhas, rasgavam a pele do desalmado, deixando-lhe na face rasgos sanguinolentos.
Muito embora toda a energia que ponha nos seus movimentos, arranhando-lhe a cara e batendo-lhe no corpo, ele, totalmente desatinado, continuava-lhe "martelando" o sexo completamente alheio à dor , acabando, pouco depois com um "uivo", por lhe ejacular no interior...
Tão depressa como a violação tinha começado, também acabou, com o criado, como se estivesse saído de um sonho, olhando estupefacto para ela e para a sua farda imaculada gotejada de sangue, parecendo não entender exactamente o que tinha acontecido...
Sentindo-se solta, Tania, levantou-se num pulo, como se tivesse sido catapultada, soltando um urro de profunda revolta, tentando louca de rancor continuar agredindo-o, enquanto lhe gritava, na sua própria língua. « Hijo de una puta! yo te mato!... yo te mato bastardo!... »
Ele, defendendo-se conforme podia da saraiva de bofetadas, socos e pontapés que ela distribuia por todo o lado, implorava: -« Please madame, me perdoa, não sei que aconteceu!... verdade que não saber!...please!...», ao mesmo tempo que ia recuando, acabando por se escapulir a grande velocidade pela porta, como se o diabo o pressegui-se.
A primeira reacção de Tania, foi correr para o telefone e chamar a segurança do Hotel; - ainda levantou o auscultador, mas pensando melhor, acabou por o desligar, compreendendo que mesmo que não quisesse desculpar o criado por aquilo que ele lhe tinha feito, a verdade é que ela tinha contribuído grandemente para aquela situação, fazendo premeditadamente o rapaz perder a compostura.
Ainda bastante transtornada, com o coração a palpitar devido à emoção sofrida, sentindo-se impregnada pelo cheiro a catinga, - na verdade, mais psicológico do que real, - meteu-se novamente na banheira, esfregando-se desesperadamente, tentando como que apagar as cenas de violação porque tinha passado.
Quando Garcia chegou, já quase pelas três da madrugada, encontrou a mulher deitada fingindo dormir, uma vez que não se sentia minimamente disposta a ser "tocada" por nenhum homem, e muito menos pelo marido.
Mesmo assim, acabou por adormecer, dormindo com constantes pesadelos, que a faziam estremecer, extremamente receosa pela possibilidade de ter contraído o sida, pois sabia perfeitamente da epidemia que alastrava no continente africano e muito especialmente nos seus centros urbanos.
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