DESEJO
Quando conheci a Gabriela, veio-me logo à mente um mundo perfeito, onde nada poderia correr mal!
Saíamos para todo o lado, íamos às compras, ao teatro, ao cinema, passeávamos de mãos dadas na rua, enamorávamos à noite pelos jardins da cidade, éramos companheiras, amantes e muito amigas.
Aconteceu que num belo dia de Inverno rigoroso, fui ter com ela ao seu apartamento no Chiado, onde a encontrei vagamente triste, e ao perguntar-lhe o que sucedera, contou-me que nesse dia, se lembrara do seu ex-marido e que por isso lhe viera lágrimas aos olhos, por este não compreender a sua escolha numa sexualidade tão linda e maravilhosa...
Sentei-me a seu lado no rebordo da cama a olhá-la...
Tinha Gabriela 28 anos, quando se casara com Sanchez, um espanhol muito romântico, criativo, pintor...
Julgara que o marido podia sorver um desejo árduo que a consumia tremendamente, julgava que Sanchez a poderia fazer feliz e completá-la no seu todo...mas enganara-se!
Quando estavam juntos, Sanchez percorria-lhe todo o seu corpo esbelto, tentando dominar o animal que era aquela pintura feminina, tentando pintá-la com o adocicado sabor de noites e dias de paixão fabulosa, penetrando-a suavemente ao beijá-la no pescoço, nas nádegas bem torneadas, ao massajar-lhe o clitóris molhado, dizendo-lhe palavras amorosas, mas mesmo assim Gabriela não se satisfazia em orgasmos pretendidos por Sanchez, ficando a observar o tecto branco que pairava por cima da sua cabeça, tentando imaginar que ao seu lado estava outra mulher que a seduzia e a amava no mais puro senso de melodia silenciosa!
Ao perceber estas sensações, Sanchez temia que aqueles momentos terminassem num desgosto profundo, já que sentia que não era apreciado e amado pela sua esposa, pela sua modelo, por um ídolo embriagado que por vezes fugia para se encontrar com algumas prostitutas e fazer amor com elas em praias e dunas desconhecidas, ficando desaparecida por semanas intermináveis, para quando regressasse se satisfizesse numa plenitude que Sanchez não compreendia...
Numa luta desenfreada por manter aquela união, disse-lhe então que iriam morar para a província, onde ele poderia captar outras luzes e mudar de ritmo, onde ela poderia descansar e reflectir sobre tudo aquilo que a amendontrava e seduzia.
Durante as primeiras semanas, Gabriela sentiu-se bem a seu lado, compreendendo que talvez a sua sexualidade fosse imaginação, já que o seu marido a fazia feliz, agradando-a, comprando-lhe presentes, levando-a de visita a museus, fazendo com que a descoberta de si mesma a fizesse pensar que ele também a queria, a desejava, a amava como as outras mulheres a amavam em curtos momentos de prazer!
Numa das tardes de fim-de-semana, Sanchez convidou uma das suas modelos para pousar nua para um quadro encomendado por um coleccionador de pintura erótica, recebendo-a na sala de convívio, para lhe explicar o que iriam fazer, em que posições é que ela teria de ficar, as horas que teriam de aproveitar para aproveitarem aquele sol de fim de dia, tão luzidio que estava...quando apareceu Gabriela vestida com um quimono de seda escarlate, fechado de lado apenas com umas fitas finas entrelaçadas de maneira a abrirem o quimono de uma só vez...estava linda naquele dia, com o cabelo apanhado com uma mola pequena, sobressaindo apenas alguns fios de cabelo num pescoço moreno, estando os seus lábios pintados por um batôn transparente, podendo ver-se os seus seios livres e as curvas das pernas altas sem qualquer tonalidade de roupa interior que usava frequentemente.
-:Podias usar-nos as duas no teu quadro...afinal o erotismo não é só pertença dos homens...
Disse, observando a modelo no seu todo, apreciando-lhe os contornos das ancas e dos seios já desnudados...
Sanchez, pensando somente no seu trabalho e na contentação do seu cliente, apreciou a ideia, juntando-as num sofá de verga, indo até ao seu atelier buscar as tintas e os pincéis afim de começar aquele esboço de quadro feminino...
Assim que regressou à sala, pôde ver Gabriela de olhos semi abertos, beijando Andreia, entreabrindo-lhe os lábios com uma delicadeza tal, que Sanchez não a interrompeu, ficando de pé, meio escondido atrás da porta, vendo aquele espectáculo lésbico, tentando a todo o custo não ficar excitado com aquela aparição...
Andreia estava sentada de pernas abertas, deixando que Gabriela lhe tocasse com as pontas dos dedos nas coxas, beijando-lhe a face e o pescoço, pedindo para que lhe desse a sua língua ao mesmo tempo que lhe enfiava dois dos seus dedos na vagina, imitando o movimento circular que fazia com a língua, fazendo com que Andreia gemesse loucamente e lhe pedisse já para que a possuísse...foi então que Gabriela a levou para o chão, deitando-se por cima, pondo as suas pernas entrelaçadas nas suas ancas e imitando um homem, movimentava o seu clitóris no de Andreia, em movimentos de para cima e para baixo, beijando-a cada vez mais loucamente, apalpando-lhe os seios fartos por entre um quimono já totalmente liberto cobrindo apenas as suas costas com pequenas arranhadelas, qual não seria o prazer que Andreia estava a sentir, gritando já por dedos penetrados por entre as suas nádegas virgens por um anus nunca descoberto, tendo o seu orgasmo ao som da imaginação de Sanchez, já de calças desabutuadas, vendo o seu membro ficando duro à medida que Gabriela notando a sua presença lhe rogava que as pintasse num cenário único e febril...
Mas em vez de as retractar, Sanchez, aproximou-se-lhes, querendo também fazer parte de um quadro ainda por descobrir...
Puxou Andreia para si, já sentado no sofá, penetrando-a primeiramente devagar, mordiscando-lhe os mamilos excitados, abrindo-lhe as nádegas para que Gabriela a penetrasse novamente por trás, masturbando-a com um das mãos na vagina que vertendo como uma cascata, fazia com que Sanchez ainda a penetrasse mais, agora com movimentos apressados e fugidios, onde nos quais Gabriela sentia-se na sua total plenitude, admirando o marido e sorrindo-lhe por poder concretizar o seu desejo em possuir uma mulher no completo da sua virtude!
Não se satisfazendo, deitou a modelo no comprimento do sofá, abrindo-lhe ainda mais as pernas para que a pudesse lamber num sítio tão frágil, terminando por Andreia sucumbir a um outro orgasmo à medida que survia o líquido de Sanchez, enchendo-lhe os lábios e o queixo de uma intensidade opaca e forte...
Foi então que Sanchez se aproximou da sua apaixonada, a sentou em cima da mesa e a penetrou como nunca a penetrara, por um sexo altivo, duro, ficando por instantes preso num espaço escuro, absorvendo o orgasmo que tivera Gabriela, havendo agora uma satisfação plena de ambos os corpos abraçados como só de um se tratasse.
Quando o coleccionador viu o quadro, os seus olhos ficaram vidrados ao poderem discernir tanta beleza, como se aquelas mulheres fossem duas ninfas, querendo cativar um marinheiro perdido numa ilha deserta, no meio de tanto arvoredo, em que a luz penetrava nos seus corpos, fazendo-as ainda mais mulheres e seres endeusados.
A partir daquele instante, foi o médicis de Sanchez, querendo sempre mais quadros, em que figuravam ambas as mulheres em feitiços diversos, tendo que o pintor munir-se de estratégias para conseguir modelos que quisessem ser pintadas numa prática bissexual.
Conseguiu por alguns meses prolongar aquelas fantasias, em que Gabriela se satisfazia e se sentia bem consigo mesma, esquecendo-se que quando Sanchez a queria só para si, se recusava e tornava a fugir, procurando o seu desejo por entre becos e vielas, por entre cidades e aldeias, estradas, rios, pomares, por ateliers de pintores conhecidos, fazendo-se passar por modelo lésbico para que pudesse usufruir do seu prazer e prolongar mais a sua sensibilidade...
Foi num desses ateliers que Gabriela me conheceu...
James, um dos pintores ingleses mais reconhecidos internacionalmente pelos seus quadros eróticos, apresentou-nos, dizendo-me que Gabriela não cobrava os seus serviços, querendo só a satisfação e o prazer de estar com outra mulher...
Ao pousarmos para um dos seus quadros, James informou-me que não se juntaria a nós, pois o seu desejo era o de estar homosexualmente com outro homem, o que o deixava tremendamente enamorado...assim, pintou-nos juntas, fazendo-nos aproximar num acto julgado de pintura, num acto de amor profundo, nutrido por ambas, amando-nos perdidamente, esquecendo-nos que estávamos a ser pintadas...esquecendo-me eu que Gabriela era casada e que no final do dia teria de voltar para junto de Sanchez...até que ficámos juntas, tendo Sanchez partido em busca da sua auto estima como pintor e como pessoa que era, ficando contudo sem compreender a razão do nosso amor a da nossa paixão...
E agora, Gabriela chorava por ele, querendo-o de volta a si, sentindo a falta das suas carícias, dos seus braços, do seu corpo másculo, como do dia em que nos achou no atelier de James e a afastou de mim, fugindo com ela para outro quarto, penetrando-a contra a parede, amando-a perdidamente...mas sem percebendo que Gabriela era bissexual e amava ambos os seres!
Deixei-a adormecer num sono profundo, e telefonei para Sanchez, dando-lhe conhecimento do estado de depressão em que se encontrava aquela mulher já mais magra, pálida, triste, amargurada...
Só o vimos na noite a seguir, carregando consigo uma tela, tintas e pincéis, sorrindo para Gabriela, dizendo-lhe que a amava e que faria tudo para que se sentisse mulher novamente!
Foi então que ao nos juntar sentadas, de frente para a lareira acesa, nos acariciou às duas, fazendo com que nos olhássemos e começássemos a fazer amor as duas, ficando Sanchez a pintar-nos no seu esboço de lápis de carvão...
Foi quando nos ocorreu passado umas horas, que seria para bem de todos nós, que nos juntássemos e fôssemos viver os três para um apartamento maior para os arredores de Lisboa, tornando-se Sanchez um pintor com mais reconhecimento internacional que James, viajando por todos os países do Ocidente e para Índia, mostrando as suas recreações recentes e magníficas, ficando nós as duas por largos meses sozinhas, amando aqueles momentos magníficos, para quando Sanchez regressasse Gabriela se sentir mais completa, satisfazendo-lhe o amor nutrido, não sem antes nos incluir a todos numa paixão louca e saudável!
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