Desviados

Vida dupla

📅 Publicado em: 03/03/2021 00:00

👤 Autor: 220137

📂 Categoria: Traição/Corno

Vida dupla Autora do conto: Ângela Postado por Mayara Nascimento F Nunca tinha traído. Nem mesmo na época de namoro. Casei virgem e engravidei logo. Hoje são cinco filhos, três netos e um bisneto. Formamos uma bela família eu e meu esposo, hoje doentinho. Eu tinha 27 anos e estávamos no auge do nosso casamento. Eu não tinha olhos pra outro homem. Então apareceu esse demônio na minha vida. Um cara que virou a minha cabeça. Eu não dava confiança. Mas ele sabia como mexer comigo com seus olhares, seu jeito, seu perfume e aquele sorriso. Era inevitável vê-lo. Era colega de trabalho do Cláudio. O pior é que eu nem podia acusar ele de me faltar com respeito. Ele não me desrespeitava. Não diretamente. Era sutil. O suficiente para que ele pudesse reverter, caso eu comentasse com meu marido, que nem desconfiava. Todo santo dia ele passava aqui em casa para pegar o Cláudio de carro. Eu sabia que estava perdida. E confesso que a cada dia que passava, mais eu pensava nele. Me lembro como se fosse ontem a primeira vez que me toquei pensando nele. Eu cheguei lá. Mas enquanto estava indo, fiquei com os olhos encharcados. Atravessei uma fase de conflito, em que eu mesma havia me tornado na minha pior inimiga. E fui vencida. Com o tempo, já havia se tornado normal me tocar pensando mil coisas com ele. Não demorou muito e estava eu fazendo amor com Cláudio, mas com ele na imaginação. Lembro de ter me esforçado para não pensar nele. Lembro da culpa que senti quando me deixei levar pelas minhas fantasias com ele. O jeito diferente como agi com meu marido. E o quanto ele apreciou as minhas ousadias na cama. Tadinho! Houve um momento em que eu quase o chamei pelo nome dele. Que sensação intensa! Que desejo ardente. Não era mais a mesma mulher. A verdade é que nós passamos a praticar mais frequentemente e com mais ousadias. Eu ficava totalmente descontrolada. Possuída. E na manhã seguinte... Lá estava ele sentado no meu sofá, bebendo do meu café. E eu, pela primeira vez, não consegui disfarçar. Ele me flagrou olhando pra sua calça. Bem naquele lugar. Eu me distraí. Estava bebendo café. Conversávamos os três, na sala. Cláudio se calçando e eu olhando fixamente para lá, enquanto o André falava. Quando me dei conta, ele estava com aquela cara pra mim. Tarde demais pra disfarçar. Eu estava abrindo o zíper dele e colocando seu membro para fora. E já estava a ponto de levar a boca até ele. Foi um devaneio. Mas por alguns instantes não havia mais nada. Apenas eu e meus pensamentos. Bem, se eu ainda tinha alguma esperança de manter a minha traição apenas em meus devaneios e em minhas fantasias, o que aconteceu pouco depois me jogou de vez para essa vida dupla que vivo até os dias de hoje. Cláudio foi no quarto se despedir do nosso filhote. O tempo era como se tivesse parado. Todo senso de responsabilidade, respeito, moral e consideração cessou. Um susto. Uma atitude inesperada. E uma reação totalmente inconsequente. Enquanto passava por mim pra ir ao banheiro, o André me agarrou. Claro que não cedi. Não imediatamente. De repente era ele que estava se esforçando pra me desgrudar de sua boca e de seus braços. Eu fui pra cozinha atrás de ar. Claudio não podia me ver daquele jeito. Era impossível disfarçar. Minha sorte foi que o André saiu logo do banheiro, antes do Cláudio vir do quarto. Eu estava queimando. De verdade! Era o inferno me dando uma pequena amostra do que aguarda por mim um dia. Desse dia em diante a gente passou a se falar com os olhos. Na semana seguinte eu estava com ele num motel. O mesmo que a gente frequenta até os dias atuais. Não me orgulho desse desabafo. E sei que é longo e que vai dizer que é conto ou fake, como dizem. Mas eu admito que não me arrependo de nada. Sou feliz e realizada. Vivo a minha vida. E se por um lado eu amo de paixão o meu marido, por outro lado eu não saberia viver sem o André, pai do meu filho do meio. Nunca falamos sobre isso. Mas ele sabe e eu sei. Só isso importa. ________________________________________ Obrigado Ângela.

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